REGINA PORFIRIO BOTELHO DE RESENDE
Para uma administração municipal ser eficiente e se dar bem com a comunidade uma das obrigações é o relacionamento civilizado entre prefeito e vice. Araxá já passou pela experiência de vários mandatos executivos onde prefeito e vice romperam após algum tempo de governo, o que provocou na administração rachaduras que foram,em todos os casos, sem retorno.
Ressentimentos entre prefeito e vice causam problemas no dia a dia da ação governamental: um deles é a divisão nos quadros dos servidores municipais, cada um torcendo por um lado, o que facilita oportunidades para descumprir ordens ou obedece-las mais ou menos. Em decisões mais complexas -por exemplo , licitações para obras públicas - pode surgir conflito de interesses das duas partes o que, a longo prazo, significa aborrecimento para quem é responsável, por lei, pelas ações administrativas – o prefeito.
Nas eleições de outubro a presença de Bosco Júnior como candidato a vice- prefeito trouxe tranquilidade e segurança ao eleitor que viu nele o companheiro ideal de governança, bem avaliado como presidente do legislativo, sem nada que faça supor um rompimento futuro com o prefeito.
Pois, nem viramos ainda o ano eleitoral, e dos gabinetes da Prefeitura já se tem notícias, ainda tímidas e a meia voz, de gente montando uma armadilha para apanhar o vice eleito. Essas ações, comentadas por quem as percebe de perto, se escondem sob a aparência enganosa de boa coisa: estão sugerindo ao prefeito reeleito Robson que crie, no próximo mandato, uma Secretaria Municipal de Turismo e nomeie para ela o vice Bosco Júnior. A princípio parece uma sugestão bem intencionada: o Turismo em Araxá precisa de investimento para funcionar a contento, então verba não vai faltar;o vice Bosquinho tem boa penetração nos meios que promovem eventos esportivos especializados , capaz de aumentar a vinda deles para Araxá.
Usando disfarce de gente preocupada com a administração, os conversadores de plantão ao redor do prefeito jogam o nome do vice para uma área de atividade pública onde ele vai ter menos contato com o eleitor , com os problemas do cotidiano e com as demandas da população. Assim tiram o vice Bosquinho do caminho. Fica afastada, ou mais difícil, a possibilidade dele se apresentar como candidato natural do grupo a prefeito na eleição de 2.028.
Em recente entrevista concedida ao repórter Caio César do Grupo Imbiara, transmitida no programa Imbiara Notícias, o vice-prefeito Bosquinho afirmou, em resposta ao jornalista, que não vai ser candidato a deputado federal, nem a deputado estadual, nem aceita convite para qualquer secretaria municipal : vai exercer as funções de vice-prefeito, delegadas pelo voto popular, até a data do vencimento do mandato.
Não deixou nada explicado sobre uma provável candidatura a prefeito, nem seria educado ou hábil que o fizesse com antecedência. Mas deve ter tirado as esperanças de quem está tecendo para ele uma armadilha disfarçada de boa intenção.