Regina Porfírio Botelho de Resende - Jornalista
O delegado César Felipe Colombari, chefe do Quinto Departamento da Polícia Civil em Uberaba, a quem respondem os delegados do setor em Araxá, deu três meses de prazo para que sejam investigados e esclarecidos pela autoridade policial fatos que levam a supostas irregularidades acontecidas na Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária.
Conhecido dos araxaenses, o delegado César Felipe foi quem comandou, em 2014, o inquérito que apurou desvio de verbas da Santa Casa e a compra e venda de apoio político na Câmara de Vereadores para a eleição da mesa do Legislativo daquele ano. Quem se lembra, sabe que ficou demonstrada a firmeza usada por ele nas tratativas da investigação, quando, como nunca antes, políticos locais e pessoas a eles ligadas foram interrogadas e investigadas até onde os trâmites da lei municipal e estadual o permitem.
A investigação de agora está apurando possíveis gastos superfaturados no uso de máquinas da Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária, quando o maquinário da prefeitura teria sido usado em propriedades particulares, disfarçado e pago, esse uso, como se fosse em serviço público.
Em entrevista ao programa Imbiara Notícias, da Rádio Imbiara 91,5 FM, o delegado Colombari destacou o cumprimento de mandatos de busca e apreensão de prováveis envolvidos, além do pedido feito, mas não deferido, da prisão temporária de três servidores municipais e de um empresário local. As informações foram repetidas e confirmadas pelo delegado encarregado do inquérito em Araxá, Conrado Costa, em outra entrevista no mesmo programa.
Dado o prazo de noventa dias para o término da investigação e para o conhecimento público dela, a população de Araxá fica com duas dúvidas. A primeira: qual foi a origem da denúncia feita à Polícia Civil, empenhada na investigação desde setembro do ano passado? Denúncias desse tipo são sigilosas, mas, se forem confirmadas como fatos verídicos, pode-se dizer que, quem contou, conhecia o dia-a-dia da administração e também tinha familiaridade com as atividades investigativas da Polícia Civil. Como se dizia antigamente "sabia o mato que estava lenhando..."
A segunda dúvida - e preocupação - é acerca de até onde o prefeito Robson Magela conhecia os fatos denunciados. O delegado Colombari esclareceu que o pedido de afastamento do prefeito, feito pela Procuradoria de Justiça, foi negado por tribunal superior e tanto ele quanto o delegado Conrado afirmaram que, tendo foro privilegiado, o prefeito só poderá ter algum suposto envolvimento julgado em instâncias superiores da Justiça, o que todos sabemos que não é para agora e vai demorar algum tempo no parecer final. Além disso, fatos apurados e julgados nessas instâncias superiores são sujeitos a certo sigilo o que dificulta sua divulgação.
Enquanto isso o ano de 2023 anda e em 2024 já teremos novamente eleições municipais, quando muitos dos personagens de agora serão colocados a julgamento pelo voto. Vai ser uma eleição movimentada...