REGINA PORFÍRIO BOTELHO DE RESENDE
A vitória de Robson e Mauro nas eleições decretou a morte política de uma dezena de figuras que comandaram a administração municipal nas últimas décadas. Alguns desde os anos 80, outros mais recentes, todos marcando território nos cargos de comando ou nas posições secundárias, em rodízio de poder e mando que pouco se alterou nos últimos anos.
Depois do resultado é possível analisar quais os motivos que levaram à derrota o grupo político que hoje exerce os últimos dias de poder.
Primeiro, o prefeito atual perdeu a hora de apresentar um bom nome para sua sucessão, vindo dos seus quadros de administração. A falta de habilidade, apesar das muitas décadas de atividade política, levou-o a demonstrar sutil preferência por nome de pouco agrado junto à população, mesmo tendo secretários competentes e de bom trânsito junto ao eleitor. Nos idos do ano passado, bem antes da pandemia do coronavirus, enquanto o prefeito ainda sonhava lançar na disputa nome de seu agrado mas sem a preferência do eleitor, os vencedores de agora já estavam ganhando tempo em campanha diária, principalmente na periferia da cidade.
Segundo, a divulgação da investigação policial iniciada algum tempo atrás, levantando suspeita de desvio de verba pública nas licitações para transporte da prefeitura, atingiu o coração e a alma da administração, com detenção, por parte das autoridades policiais, de funcionários graduados do município e com ampla divulgação pela imprensa dos delitos cometidos. Foi o que faltava para a sorte grande dos vencedores de agora: nem precisaram usar o episódio como discurso de campanha, o eleitor informado foi por si mesmo tirando suas conclusões.
Terceiro motivo foi a candidatura da vice-prefeita que não se posicionou durante a campanha sobre os fatos da investigação policial. Tendo ela se afastado da administração por vontade própria, após contencioso com gente do gabinete do executivo, foi difícil para o eleitor digerir como ela ainda poderia representar, na pregação eleitoral, o governo que tinha atrapalhado suas funções e impedido suas decisões na administração.
Se a vitória de Robson e Mauro decretou a morte política de muitos, facilitou também a sobrevivência de um que já foi , em várias circunstâncias passadas, companheiro dos derrotados de hoje: o deputado estadual Bosco. Presente na campanha e nos contatos do prefeito eleito nas primeiras horas após o resultado, inclusive participando de encontro com Romeu Zema, Bosco vai atuar como elemento de ligação entre prefeitura e governo do estado, empresários, políticos federais e quem mais seja necessário.
Agora, é aguardar as primeiras medidas tomadas pela nova administração que, se executar ao menos boa parte do projeto de governo apresentado, poderá ser como um divisor de águas na política local, justificando o resultado das urnas.