bem brasil
bem brasil
Postado em: 01/12/2020 - 12:14 Última atualização: 01/12/2020
...

MORTOS E  SOBREVIVENTES

REGINA PORFÍRIO BOTELHO DE RESENDE

A vitória de Robson e Mauro nas eleições  decretou a morte política  de uma dezena de figuras que comandaram a administração municipal nas últimas décadas. Alguns desde os anos 80,  outros mais recentes, todos  marcando território nos cargos de comando  ou nas  posições secundárias, em rodízio de poder e mando  que pouco se alterou nos últimos anos.

Depois do resultado é possível  analisar quais os motivos que levaram à derrota o grupo político que hoje exerce os  últimos dias  de poder.

Primeiro, o prefeito atual perdeu a hora de apresentar um bom nome  para sua sucessão, vindo dos seus quadros de administração. A falta de habilidade, apesar das muitas décadas de atividade política,  levou-o a demonstrar sutil preferência por nome de pouco agrado junto à população, mesmo tendo secretários competentes  e de bom trânsito junto ao eleitor.  Nos idos do ano passado, bem antes da pandemia do coronavirus, enquanto o prefeito ainda  sonhava  lançar na disputa nome de seu agrado mas sem a preferência do eleitor, os vencedores de agora  já estavam ganhando tempo  em campanha diária, principalmente na periferia da cidade. 

Segundo, a divulgação da investigação policial  iniciada algum tempo atrás,   levantando  suspeita de desvio de verba pública nas licitações para transporte da prefeitura, atingiu o coração e a alma  da administração, com detenção, por parte das autoridades policiais,  de funcionários graduados do município e com  ampla divulgação pela imprensa dos delitos cometidos. Foi o que faltava para a sorte grande dos vencedores de agora:  nem precisaram usar o episódio como discurso de campanha, o eleitor informado  foi por si mesmo tirando suas conclusões.

Terceiro motivo foi a candidatura da vice-prefeita que não se posicionou durante a campanha sobre os fatos da investigação policial. Tendo ela  se afastado da administração por vontade própria, após  contencioso com gente do gabinete do executivo, foi difícil para o eleitor digerir como  ela ainda poderia representar, na pregação eleitoral, o governo que tinha atrapalhado suas funções e impedido  suas decisões na administração. 

Se a vitória de Robson e Mauro decretou a morte política de muitos, facilitou também a sobrevivência de um que já foi , em várias  circunstâncias passadas, companheiro dos derrotados de hoje: o deputado estadual Bosco. Presente na campanha e nos contatos do prefeito eleito nas primeiras horas após o resultado, inclusive participando de encontro com  Romeu Zema, Bosco vai atuar como elemento de ligação entre prefeitura e governo do estado, empresários, políticos federais e quem mais seja necessário.

Agora, é  aguardar as primeiras medidas tomadas pela nova administração que, se executar ao menos boa parte do projeto de governo  apresentado, poderá ser como um  divisor de águas na política local,  justificando o resultado das urnas.
      
 

Mais colunas de Regina Porfírio - Jornalista

Ver todas