POR ROGÉRIO FARAH
Bem vindos sejam ao momento máximo da reflexão, segundo as tradições bíblicas, ou seja, o período da Quaresma, que este ano trouxe consigo a necessidade do isolamento domiciliar por força do Covid-19 (o coronavírus), tentando evitar a todo custo sua transmissão desenfreada em nosso país.
Evidente que é sempre oportuna a prática da reflexão, mas não há como negar que preferimos que seja por opção e não por obrigação.
Mas o que podemos fazer se subitamente nosso chão foi subtraído, rasgado ao meio, levando para o abismo das incertezas as nossas convicções?
Tal qual um filme Hollywoodiano de ação, a terra debaixo dos nossos pés desapareceu e, ao mesmo tempo, fomos chamados à responsabilidade de autores e atores da nossa própria história, da qual muitas vezes nos comportamos como simples espectadores.
Abruptamente, saltamos o fosso que separa a platéia do palco da vida e, atônitos, nos perguntamos: e agora???
Entretando, voltemos nossos pensamentos para o período que estamos vivendo, a Quaresma, para relembrar que o Senhor Jesus, provavelmente, também foi alvo de todo tipo de tentação, quando enfrentou o deserto e seus perigos, como preparação espiritual para levar avante sua missão.
Guardadas as gigantescas proporções, o mesmo é agora exigido de nós, para que vençamos o medo, nos esquivemos das dúvidas e enfrentemos com fé, virtude e coragem esta Quaresma da quarentena, que ora experimentamos de modo forçado, para evitarmos o alastramento incontido da contaminação pelo coronavírus ao nosso redor.
Para tanto, é necessário que cada um cumpra com sua parte, respeitando o isolamento domiciliar e as recomendações das autoridades médicas mundiais.
Não estamos tratando com nenhuma gripezinha, absolutamente!
Ao contrário, trata-se de uma pandemia, de contágio fácil e contaminação muito rápida, sendo que nem as maiores potências mundiais tem condições de oferecer tratamento à altura da necessidade, mesmo com sistemas de saúde público e privada com muito mais investimentos que o S.U.S. brasilieiro, de onde se concluir o tamanho da nossa responsabilidade, atual e futura.
No mais, mantenhamos em alta a nossa própria auto-estima, pois somos maiores que essa crise e a venceremos, com a proteção de Deus e com a brevidade que nossa obediência permitir, diante das recomendações médicas.
Vamos lembrar, mais uma vez, que o mundo é uma grande morada coletiva, onde nenhum interesse político, financeiro ou particular deveria se sobrepor ao bem comum.
Minimizar a gravidade da situação, além de não ajudar em nada, pode até ser perigoso futuramente.
Outrossim, façamos desse momento um bom aprendizado, para que muito breve, com a chegada do renascimento celebrado na Páscoa, ressurja o que há de melhor em nosso povo, mas com o advento da prática diuturna da cidadania, por direito exijamos maior responsabilidade dos gestores das três esfera de governo, principalmente com novos aportes financeiros na saúde pública.