por Fabiano Melo - Advogado
Olá leitores! Como todos sabem, além de debatedor na Terça do Direito na 91,5 FM, além de singelamente escrever nesta coluna, além de Professor no Uniaraxá, sou principalmente advogado há 17 anos.
Formei em um tempo que nossos ídolos na advocacia criminal araxaense eram mestres como os saudosos Fausto Júlio de Mesquita, Henrique Adalberto e José Gaudêncio da Rocha Cunha, meu querido “Gau”. Era o Professor Walter Lúcio de Lima, melhor professor que tive na faculdade. Advogados estudiosos, com um português extremamente correto, tanto para escrever quanto para falar, verdadeiros exemplos na advocacia criminal. Eram advogados discretos, que estudavam o caso e atuavam após sem pirotecnia, sem fanfarrice, sem a necessidade de aparecer para ninguém, e logravam êxito em suas causas na maioria das vezes.
Decorridos 17 anos desde que comecei no mundo jurídico, pós-faculdade e paro para analisar, como é a nossa advocacia atual? Para ser sincero a ética entre colegas hoje é bem menor que antes, hoje se procura mais ostentar, derrubar o outro colega, criar conteúdos falsos do que se aprimorar, estudar, conquistar conhecimento.
Advogados hoje em sua maioria querem mais visualizações, curtidas, do que saber jurídico, do que enriquecerem sua bagagem jurídica. Advogados mais parecem influencers ou funkeiros do Tik e Tok. Não estou generalizando jamais, mas, infelizmente essa é a grande verdade, o desespero para aparecer é o que toma nossa atual advocacia.
Entristece-me quando vejo um aluno (a) que ajudei a caminhar durantes os árduos 05 anos de estudo, se formar e, ao invés de preocupar com uma pós-graduação, ao invés de preocupar em estudar mais para se aprimorar, prefere desesperadamente tentar arrumar um cantinho nas redes sociais, mesmo que para isso, tenha que se submeter a atitudes ridículas para um advogado, profissão antiga e tão importante para um Estado Democrático de Direito.
Tenho alunos que, ainda nos primórdios do curso, iniciando, acreditam em tudo que vêm, acreditam nos advogados que apenas ostentam, que apenas querem aparecer, e se iludem com a falsa ideia de que ficarão milionários na profissão. “Fulano está muito rico, também ficarei”.
Tento alertá-los que, precisam trabalhar muito para primeiramente sobreviverem numa carreira tão concorrida e às vezes tão desleal, para depois pensarem em ganhar dinheiro.
Mas infelizmente, é desesperador o que alguns advogados fazem hoje para a busca do marketing perfeito. Vamos enumerar:
1- Postam viagens para outros países, para lugares lindos, quando, na verdade, parcelaram em 24 vezes.
2- Postam carros importados quando, na verdade, o financiamento do veículo encontra-se com 3 parcelas atrasadas.
3- Postam objetos pessoais supostamente caros, que, na verdade, são falsificados, comprados na “25 de março em São Paulo”.
4- Postam inúmeros contratos assinados, que, na verdade, são puras invenções.
5- Postam alvarás de soltura antigos como se fossem do dia.
6- Postam alvarás de soltura, que, na verdade, são ordens de desinternação, de presos que progrediram para o regime semi aberto. Ou seja, o preso foi condenado, cumpriu pena, mas no dia que vai sair, o advogado posta a soltura como se fosse uma vitória imensurável.
7- Advogados passam na porta dos Fóruns, das Delegacias e fotografam, às vezes até param, para depois postarem como se ali estivessem todos os dias, em audiências e diligências, respectivamente.
8- Postam que estão realizando sustentação oral no TJMG em dia que não tem julgamento.
9- Vai a Brasília, passear, visitar parentes, mas postam como se estivessem nos Superiores Tribunais trabalhando. .
E tem gente que ainda acredita!
Se eu for escrever tudo que fazem no desespero do marketing, da ostentação, para angariar mais clientes, gastaria pelo menos 3 edições em minha coluna.
Quando vejo tudo isso eu citei acima, acho que “o fim do mundo chegou”, só pode ser o “apocalipse”.
Acho legal, proveitoso, quando vejo colegas advogados dando dicas jurídicas nas redes sociais. É muito válido, é importante, abre os olhos da população quanto aos seus reais direitos e deveres. Faço isso na Rádio Imbiara há mais de 10 anos.
O que me incomoda é ver as inúmeras mentiras nas redes sociais, as invenções, a ostentação desenfreada, colegas advogados que muitas vezes se utilizam de um péssimo português, de uma péssima oratória para postarem seus vídeos, de mentiras, na tentativa desesperada de angariar mais um cliente. De conquistar mais uma visualização.
Como professor universitário eu aviso meus alunos, eu ensino o principal que é: assim que formarem e saírem para o mundo aqui fora, trabalhem com ética, tenham postura, educação. Estudem todos os dias se possível for. Se aprimorem. Melhorem como seres humanos e como profissionais. Isso é o que tento ensinar.
Mas nem sempre nós professores somos ouvidos. Tem sempre aqueles que preferem uma curtida, a ouvirem os mais velhos, a conquistarem um novo conhecimento ao invés de simplesmente mais uma postagem.
Muito obrigado! Fiquem todos com Deus!!!