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Postado em: 23/04/2021 - 13:22 Última atualização: 23/04/2021 - 13:24
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O PROJETO DE VIDA NAS ESCOLAS

A educação é uma via de mão dupla, onde o educador encontra-se com o educando para, de mãos unidas, caminharem partilhando vivências e conhecimentos. Entretanto, algumas instituições de ensino, motivadas pelo mercado promissor da educação, restringem-se a passar o estudante no vestibular. Na mesma via de raciocínio, alguns pais incentivam seus filhos a estudarem com a finalidade de obter uma graduação que venha a trazer retorno financeiro e prestígio social. Diante disso, o maior desafio está em romper com essa lógica utilitária (pautada apenas em boletins escolares de nota) que vem assombrando os educandos.  

Em fevereiro de 2018, o Estadão – jornal do Estado de São Paulo – publicou uma pesquisa na qual 49% dos jovens matriculados em universidades desistiram do curso por falta de afinidade ou identificação e, até mesmo, por desinformação. É fato: uma educação voltada apenas para fins de vestibular não atende ao anseio dos jovens: a realização pessoal e a vida feliz, as quais residem em fazer e aprender a fazer aquilo que se gosta de verdade. 

É consenso, entre os gestores da educação, que um ensino conteudista (focado na transmissão de conteúdo) e moldado no estilo fordista de produção (cadeiras e carteiras enfileiradas, sem adequada interação humana, extremamente disciplinar) não é totalmente eficaz no processo de aprendizagem nem garante a inserção do jovem no mundo. Em razão deste cenário, a escola sente-se desafiada a desenvolver uma prática pedagógica que seja capaz de levar o jovem à criatividade, à inventividade, a protagonizar o próprio conhecimento, a sonhar com os pés cravejados nas suas reais habilidades, a perceber-se a si mesmo como pessoa cheia de dons e talentos, como ser único e indivisível.

Para abrandar este cenário, a alternativa encontrada pelos gestores está na implantação do PROJETO DE VIDA como componente curricular ou projeto pedagógico. O projeto de vida é um conjunto de atividades que conduzirá o estudante a perceber seus valores, suas habilidades, seu potencial, sua visão de mundo e sua vocação por meio de metodologias práticas como, por exemplo, a “feira de profissão” que estabelece contato com pessoas que já estão atuantes no mercado de trabalho, seja como empreendedores ou não.

As atividades pedagógicas do projeto de vida estão voltadas para o autoconhecimento e para a descoberta dos valores humanos estimados por cada jovem. Os valores encontrados permitirão a conexão do jovem consigo mesmo e, com o passar do tempo, oferecerão segurança, suporte, força e clareza na tomada de decisão. Assim, o projeto de vida é a ponte entre o ser e o querer ser, entre o hoje e o amanhã. 

Parafraseando Paulo Freire, o jovem precisa sentir e saber que não está no mundo para adaptar-se a ele, mas para transformá-lo.  As instituições e os pais devem colaborar para com os seus filhos, oferecendo-lhes uma formação humana integral (intelectual, afetiva, cidadã), capaz de contribuir para o aprendizado acadêmico e para a promoção das habilidades sociais, emocionais e técnicas. Afinal, de que vale um bom resultado no vestibular e perder a vida gastando tempo naquilo que não vibra e pulsa o coração.

 

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