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Postado em: 22/08/2023 - 08:55 Última atualização: 22/08/2023
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Capital de giro: Dimensionar e controlar, para não faltar

Silvio Gonçalves de Souza – economista com pós-graduação em gestão e consultor empresarial

Um dos maiores desafios do empresário, que abriu o seu negócio recentemente ou que já tem uma certa experiência de mercado, é a gestão do capital de giro. O valor do capital de giro constitui-se nos recursos de alta liquidez que a empresa dispõe para fazer frente às suas obrigações de curto prazo, com fornecedores, salários, impostos, encargos sociais, aluguel, dentre outras despesas fixas e variáveis. Essa disponibilidade financeira garante maior tranquilidade e evita a tomada de recursos de última hora junto a instituições financeiras, pagando-se juros elevados e que comprometerão o resultado do negócio.

A adequada definição do tamanho ideal do capital de giro de uma empresa requer uma visão ampla do seu processo operacional, das suas práticas comerciais e financeiras, bem como de informações sobre os prazos de pagamentos, de estocagem e de recebimentos praticados.  As projeções de resultado também têm influência sobre o dimensionamento do capital de giro. Via de regra, a geração de lucro propicia recursos para o seu financiamento.  No entanto, nem sempre o registro de lucro significa sobras de caixa.

É indiscutível que um volume reduzido de capital de giro restringe a capacidade de operação e de vendas da empresa. Para projetar melhor a sua magnitude, o empresário poderá levar em consideração dois métodos: com base no ciclo financeiro ou através da análise de demonstrativos contábeis, como o balanço patrimonial.

Através do método baseado no ciclo financeiro, determina-se a necessidade de capital de giro, que é também chamada de caixa operacional, que significa o volume mínimo de recursos financeiros que uma empresa precisa para girar as suas operações. O valor do caixa operacional é obtido através da divisão da projeção do desembolso anual de caixa pelo giro de caixa. A projeção do desembolso anual de caixa deve levar em consideração os pagamentos a fornecedores e os gastos com os custos operacionais no período.

O giro de caixa é calculado primeiramente determinando-se o ciclo financeiro, que é obtido pela seguinte equação: prazo médio de estocagem + prazo médio de recebimentos - prazo médio de pagamentos. Em seguida, divide-se o valor de 360 (quantidade de dias anual de acordo com o calendário comercial) pelo valor do ciclo financeiro encontrado.

Suponhamos que o prazo médio de estocagem seja de 90 dias, o prazo médio de recebimentos seja de 60 dias e o prazo médio de pagamentos seja de 60 dias também. O ciclo financeiro será de 90 dias. O giro de caixa será o resultado da divisão de 360 por 90, ou seja, 4. Como mencionado anteriormente, o caixa operacional, ou capital de giro, será conhecido através da divisão do desembolso anual de caixa pelo giro de caixa. Suponhamos que o empresário faça uma projeção de que o desembolso anual de caixa será de R$600 mil. Este valor dividido pelo número 4, obtido acima, resultará no valor de R$150 mil. Portanto, o valor encontrado se constitui no capital de giro mínimo que a empresa necessita face a um determinado volume de vendas.

O cálculo da necessidade de capital de giro com base no balanço patrimonial, de forma resumida, leva em consideração o valor do ativo circulante menos o do passivo circulante. O ativo circulante é composto basicamente de estoques, contas a receber e outros itens de natureza permanente. O passivo circulante se constitui nas obrigações de curto prazo com fornecedores, bancos, funcionários, encargos sociais, impostos e taxas.

A grande dificuldade deste método de dimensionamento do capital de giro, está no fato de que a empresa precisa ter um controle rigoroso das suas contas e lançamentos, cujas informações têm de ser direcionadas integralmente ao escritório de contabilidade que, por sua vez, terá de fazer todos os registros necessários, cumprindo a sua rotina complexa de trabalho. Isso cria uma dificuldade operacional que pode, evidentemente, inviabilizar esse cálculo pelo empresário.

Com isso, o método baseado no ciclo financeiro pode ser mais acessível ao empresário, uma vez que ele, em tese, deve ter o completo domínio e controle dos gastos inerentes ao seu negócio, bem como fazer projeções de vendas, controlar e dosar os seus estoques, administrar a sua carteira de recebimentos e negociar prazos mais dilatados com os seus fornecedores. Ou seja, cumprir a sua rotina de gestor. E, sem perder de vista, é claro, o rigor na gestão do caixa, para que eventuais dificuldades com o capital de giro não comprometam o resultado do negócio e se constituam em ameaças à sua sobrevivência.

Silvio Gonçalves de Souza – economista com pós-graduação em gestão e consultor empresarial

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