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Postado em: 03/07/2023 - 10:54 Última atualização: 03/07/2023 - 17:35
Por: Caio César/Natália Fernandes - Portal Imbiara

Todos contra o Vandalismo: Exposição do Fliaraxá, que homenageia professores negros, é depredada

A reportagem do Grupo Imbiara registrou riscos que danificaram a exposição ‘Muros Incríveis - Educação’ inaugurada no último dia 20 de junho

Imagens da exposição foram danificadas. Fotos: Natália Fernandes/Portal Imbiara

A depredação do bem público atingiu a exposição “Muros Incríveis – Educação”, que homenageia 43 professores negros e é uma das atrações do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá). Essa ação foi registrada pelo Grupo Imbiara de Comunicação que está à frente da campanha “Todos contra o Vandalismo” até o próximo dia 25 de julho. Nesta segunda-feira (3), riscos ou rabiscos foram feitos em cima de painel que ocupa 100 metros de fachada do festival no estacionamento do Estádio Municipal Fausto Alvim.

De acordo com o fotógrafo Gabriel Andrade de Paula, conhecido como Gabriel Sirbag, o vandalismo é um contraste do objetivo real da exposição que é homenageia quem realmente fez parte da vida da população local. “A gente nem sabe se de fato foi um ataque racista. Levantamos essa bandeira porque é uma exposição para os professores negros, mas a gente acredita que alguém só passou e não sei, se foi na maldade sem querer nada, passou com algum machado ou pedra, arranhou e danificou permanentemente as nossas imagens. Eu como fotógrafo que fiz as fotos, vê as fotos assim é muito triste”, lamenta o fotógrafo.


O fotógrafo da exposição Gabriel Andrade de Paula, conhecido como Gabriel Sirbag

O vandalismo ocorre perto da data de abertura oficial do festival que acontece nesta quarta-feira (5) às 20h no estacionamento do Fausto Alvim e, portanto, não há tempo hábil para refazer a exposição danificada. “Infelizmente nós pessoas negras estão marcadas para sempre. A abolição da escravatura já aconteceu, mas a gente fala que é só no papel. Será que essa exposição fosse para pessoas brancas isso teria acontecido? Não temos como saber e não gosto de levantar muito essa questão, mas infelizmente vai ficar a marca aqui. O Fliaraxá vai começar só na quarta-feira (5 de julho) e as pessoas vão prestigiar a exposição, perguntar e questionar sobre o que aconteceu”.

Essa depredação da exposição teve a presença da Polícia Militar. “Quando os policiais vieram na semana passada para conversar com a gente falaram que ia olhar na câmera de videomonitoramento aqui (fica na rotatória da avenida Imbiara próximo ao local da exposição) para encontrar o pessoal porque também ali é o ponto de ônibus, então quando está na saída das escolas parece que dá uma aglomerada e não consegue ter o controle de quem está subindo ou descendo. Eu não recebi nenhum comunicado da Polícia Militar com relação que se encontraram as imagens, mas caso conseguisse iria autuar a criança ou o adolescente ou adulto que fosse para fazer o boletim de ocorrência”, destaca o fotógrafo.

“Acredito que outras medidas tinham que ser tomadas como as de conscientização dessas pessoas principalmente porque eu não creio que alguma família comum da sociedade brasileira vai ter dinheiro para pagar uma nova exposição dessa. Essa não é a intenção e sim conscientizar as pessoas o que é certo ou errado principalmente pela exposição se tratar de educação. É uma falta de respeito muito grande”, acrescenta Gabriel Sirbag.


Exposição homenageia professores negros no estacionamento do Estádio Fausto Alvim