Em entrevista, Fernanda Morais discute o papel das escolas, famílias e cuidados com o uso de telas para promover um crescimento saudável
Na manhã desta quinta-feira, 17 de outubro, Fernanda Morais, neuropsicopedagoga com mais de 23 anos de experiência na educação, esteve no estúdio da Rádio Imbiara para discutir os desafios do desenvolvimento infantil e a importância da intervenção precoce. Atuando na Clínica Núcleo Integrar, em Araxá, Fernanda atende crianças e adolescentes, avaliando dificuldades e transtornos do neurodesenvolvimento. Além disso, ela coordena um curso de pós-graduação em psicopedagogia e realiza palestras em escolas para capacitar professores e ajudar a identificar sinais de dificuldades nos alunos.
Durante a entrevista, Fernanda compartilhou que seu trabalho no ambiente escolar visa capacitar os professores para entender o que é esperado no desenvolvimento infantil, como os marcos de fala e habilidades motoras. "É muito importante que o professor saiba o que é esperado no desenvolvimento infantil. Quando ele percebe algum atraso, é necessário agir com foco nas necessidades individuais do aluno," explicou. Para ela, a parceria entre terapeutas e professores é essencial para um desenvolvimento saudável, já que os professores estão em contato diário com as crianças, enquanto os terapeutas atuam de forma pontual.
Fernanda também ressaltou a importância dos marcos de desenvolvimento como um termômetro para as famílias, ajudando a identificar atrasos e buscar ajuda profissional. "Se a criança não está falando por volta de um ano, por exemplo, é importante buscar orientação de um fonoaudiólogo," aconselhou. Ela enfatizou que, embora cada criança tenha seu próprio ritmo, a estimulação precoce é fundamental para um prognóstico positivo. "Quanto mais cedo a família busca a orientação e uma avaliação de um profissional, melhor será o desenvolvimento daquele indivíduo."
O uso excessivo de telas foi outro ponto abordado. Fernanda alertou sobre os riscos do tempo exagerado em frente a dispositivos eletrônicos, como celulares e tablets, especialmente para crianças pequenas. "Abaixo de dois anos, o recomendado é zero tela. Mesmo após essa idade, o tempo de uso deve ser monitorado pelos pais," afirmou, acrescentando que a falta de interação direta e o excesso de estímulos tecnológicos podem afetar a fala, o desenvolvimento motor e até a qualidade do sono das crianças. Ela destacou que, para uma criança crescer de forma saudável, é essencial que a família promova momentos de estímulo e interação, como contação de histórias e brincadeiras que estimulem a fala e a motricidade.
A alimentação também foi um tema presente na conversa, sendo apontada como um fator importante no desenvolvimento. Fernanda falou sobre a seletividade alimentar e o impacto negativo do açúcar na saúde infantil, reforçando que o cuidado com a alimentação deve andar lado a lado com a atenção ao sono e ao uso de telas. "As crianças precisam ser estimuladas com qualidade, e isso inclui boas práticas alimentares e um sono adequado, livre da interferência de telas, que podem prejudicar o descanso," enfatizou. Ela explicou que a exposição precoce e prolongada a telas pode interferir no sono, o que, consequentemente, afeta o rendimento escolar e o desenvolvimento cognitivo da criança.
Outro ponto discutido foi a diferença entre reforço escolar e atendimento neuropsicopedagógico. Fernanda esclareceu que, enquanto o reforço escolar reforça os conteúdos trabalhados na escola, o papel do neuropsicopedagogo é investigar as causas das dificuldades de aprendizagem e propor intervenções específicas. "O trabalho do psicopedagogo é investigar e tratar os prejuízos, para que a criança alcance a série que está cursando," explicou, dando um exemplo prático de como é necessário voltar às bases para ensinar certos conceitos, quando habilidades fundamentais ainda não foram bem assimiladas.
Fernanda também falou sobre o autismo e a importância de uma avaliação multidisciplinar para identificar as necessidades da criança e definir as terapias adequadas. "O que faz o desenvolvimento melhorar não é apenas a medicação, mas um conjunto de terapias que tratam as causas," ressaltou, mencionando a eficácia de abordagens como a terapia ABA, fonoaudiologia e terapia ocupacional, que atuam de maneira integrada para garantir um melhor desenvolvimento das crianças.
Ao final da entrevista, Fernanda reforçou a necessidade de um acompanhamento atento por parte dos pais e professores para que as crianças possam alcançar todo o seu potencial. Para mais informações, é possível entrar em contato com a Clínica Núcleo Integrar, localizada na rua Capitão Izidro, 636, em Araxá/MG, ou pelo telefone (34) 99981-8030. Ela também está disponível no Instagram: @psicopedagoga_fernanda_morais.
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