Representantes do samba, hip hop e poesia compartilham reflexões sobre ser negro em 2024 e a importância da data
No Brasil de 2024, a luta contra o racismo estrutural segue viva e urgente. Em um país onde a população negra representa mais da metade dos brasileiros, as desigualdades históricas ainda permeiam o acesso à educação, saúde, cultura e mercado de trabalho. Neste cenário, o Dia da Consciência Negra surge não apenas como uma data de reflexão, mas como um convite à ação e ao reconhecimento das contribuições históricas e culturais do povo negro. Em Araxá, vozes que representam o samba, o hip hop e a poesia ecoam mensagens de força, resiliência e esperança.
Para Daiane Cristina, ser negro em 2024 é carregar o legado de quem veio antes e lutar para abrir novos caminhos. "É respeitar a ancestralidade, lembrar das nossas origens e continuar construindo o que nossos ancestrais começaram. Não podemos parar, porque o racismo é estrutural e está enraizado na nossa sociedade". A fala de Daiane reflete a resistência necessária em um sistema que ainda tenta silenciar as vozes negras.
Lincoln Christian, organizador da Batalha Araxá, destaca os desafios enfrentados pelos movimentos culturais negros na cidade. "É muito difícil alcançar espaços se você não for parte de um movimento majoritariamente branco. A juventude negra aqui ainda luta para ter voz em uma sociedade que privilegia estruturas elitistas". Apesar disso, Lincoln reafirma o poder transformador da cultura como forma de resistência e ocupação de espaços.
No Quintal Samba é Nosso, Joselaine e Fabrício, que levam o samba como forma de expressão e luta, compartilham suas vivências. "Ser negro em 2024 é matar vários leões por dia e, mesmo assim, não desistir", afirma Joselaine. Para Fabrício, a conquista do feriado da Consciência Negra em muitos municípios é um avanço, mas ainda há um longo caminho pela frente. "Muita gente questiona a importância da data. É preciso trabalhar nas bases, ensinar desde cedo o valor da nossa história e ancestralidade" conclui.
João Vitor Santos reforça essa visão. "O feriado obriga quem antes ignorava o Dia da Consciência Negra a enxergar sua importância. Mas falta muito para que a sociedade compreenda o que essa data realmente representa" afirma. Ele acredita que a educação é a chave para uma mudança de mentalidade.
Já Lucas Lossel, escritor araxaense e estudante de Letras, vê o Dia da Consciência Negra como um símbolo de reconstrução. "Estamos desconstruindo ideologias que nos foram impostas por séculos e, ao mesmo tempo, reconstruindo um novo ser humano, consciente de seu papel na sociedade e de seus direitos". Para ele, é um momento de resistência e transformação.
Essas histórias, que surgem da cultura e da vivência diária, mostram que ser negro no Brasil de hoje é um ato de coragem e esperança. A luta por equidade e respeito continua, inspirando novas gerações a acreditarem em um futuro onde a diversidade seja celebrada e a justiça social prevaleça. O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data no calendário: é um lembrete de que a resistência é, e sempre será, parte fundamental da construção de um Brasil melhor.
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