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Postado em: 19/01/2022 - 17:31 Última atualização: 20/01/2022 - 07:36
Por: Natália Fernandes - Portal Imbiara

Chuvas impactam preços de alimentos em Araxá e alface chega a R$ 5,00

De acordo com a Emater no estado, já são cerca de 127 mil produtores e criadores afetados

A redução da oferta dos produtos gera preços mais altos mesmo com qualidade inferior. Fotos: Natália Fernandes/Portal Imbiara

O excesso das chuvas tem gerado prejuízos para os agricultores de Araxá e região. O preço das hortaliças disparou nos últimos dias e a qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores sofreu uma grande queda.

Um levantamento preliminar feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) mostra que 127 mil produtores rurais do estado sofreram algum tipo de dano por causa das chuvas nas últimas semanas. O estudo aponta ainda que esta situação foi relatada em 416 municípios do estado, 48,7% do total. Entre as safras mais prejudicadas estão a produção de feijão, com 42,2% da área a ser colhida, e a produção de hortaliças, com um comprometimento estimado de 37% da área, principalmente nas regiões Nordeste, Leste e Central de Minas Gerais. 

Até o momento, não houve nenhum impacto significativo na oferta de frutas e hortaliças para o mercado atacadista. Porém, em algumas praças da Ceasa no interior do estado, houve redução de oferta de produtos como beterraba, mandioca, quiabo e mandioquinha-salsa comercializados nos mercados locais e regionais.

Em Araxá e na região, os impactos começaram a serem sentidos nas feiras nos primeiros dias do ano e também nos principais comércios do setor na cidade.

Maurilio Magalhães é militar e toda semana procura por verduras, hortaliças e frutas frescas. Ele conta que sentiu a alta nos produtos e que hoje vai em busca de melhores preços e qualidade. “Tenho observado que os preços tem aumentado bastante devido as chuvas, e por isso procuro as feirinhas porque o preço está em conta e é uma maneira de auxiliar também os produtores que foram prejudicados” , afirma Maurilio Magalhães.


Maurílio pesquisa os preços e prefere comprar na feira do produtor por encontrar preços mais baixos

Em entrevista ao Portal Imbiara, o presidente da Associação de Hortifrutigranjeiros de Araxá (Assogran), Marcos Antônio Soares Lopes, conta que este ano não foi possível se resguardar dos danos sofridos nas lavouras e plantações.

“A gente não teve como evitar os prejuízos devido à constância do período das chuvas. As folhagens não resistiram, nem as mais novas que estão plantadas nem as que colhemos. Para o próximo período vamos criar uma estratégia de utilizar as estufas para garantir parte da nossa produção,” explica.

Entre os alimentos que sofreram uma grande alta de preços e está faltando no mercado é a alface, principal alimento do prato dos brasileiros e produto indispensável para restaurantes e lanchonetes. No município já é possível sentir um aumento de mais de 300% no valor da folhagem. A alface antes vendido a R$ 1,50 agora é encontrado por R$ 5,00 e com a qualidade muito inferior.

 “As feiras todas estão sem alface e a procura está enorme, as que têm nós temos que vender por um precinho mais alto devido a falta, e mesmo assim não estão como boa qualidade. O brócolis e a couve-flor, por exemplo, não estamos nem produzindo”, conta o presidente da Assogran.


Pontos de interdição em rodovias podem prejudicar o escoamento de produtos como morango e batata

Ainda segundo Marcos Lopes, a reposição das hortaliças e verduras com uma maior qualidade no mercado pode demorar.  “Eu creio que se as chuvas derem uma trégua dentro de 40 a 60 dias conseguimos repor as folhagens, já a couve-flor e o  brócolis penso que vai de 100 a 120 dias para estarmos normalizando aqui na nossa região”, finaliza. 

De acordo com a Emater-MG, os técnicos da empresa elaboram laudos e projetos técnicos para os produtores que precisam obter recursos junto aos agentes financeiros. Outra ação da empresa neste período é o apoio aos agricultores do semiárido mineiro, que têm direito ao Garantia Safra, que é um benefício do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

O Garantia Safra é pago aos agricultores inscritos, com renda mensal de até um salário-mínimo e meio, com plantio entre 0,6 e 5 hectares, e que tiverem perdas comprovadas por estiagem ou excesso de chuva em lavouras como feijão, milho, arroz, mandioca e algodão.