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Postado em: 22/03/2022 - 17:50 Última atualização: 23/03/2022 - 08:47
Por: Natália Fernandes - Portal Imbiara

Guerra na Ucrânia traz crise no agronegócio e pode aumentar preços de alimentos em Araxá

A consequência da inflação penaliza mais as populações menos favorecidas, diz extensionista da Emater

A possibilidade de falta do insumo no Brasil gera o alerta no agronegócio do país. Foto: Divulgação/Internet

A pandemia da Covid-19, o aumento do preço dos combustíveis e a desvalorização do real frente ao dólar, estão entre as causas do aumento dos preços dos fertilizantes. Impactos que devem se intensificar devido à guerra.

Os ataques da Rússia à Ucrânia se iniciaram em 24 de fevereiro, e os efeitos negativos podem ser sentidos no Brasil e Minas Gerais caso o conflito se estenda. A sinalização sobre a crise no fornecimento de fertilizantes que tem a Rússia como relevante produtor preocupa as autoridades. Em entrevista ao Portal Imbiara, o extensionista do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural - (EMATER) em Araxá, Murilo Alves, falou sobre os impactos da guerra e os principais fatores que são identificados para a alta dos preços dos fertilizantes.

“Os fertilizantes são um dos componentes do agronegócio que teve uma valorização muito grande nos últimos dois anos, também em função da desorganização do setor logístico provocado pela pandemia, sobretudo pelo transporte marítimo. O Brasil importa 85% dos fertilizantes químicos que ele usa na agricultura que tem um impacto muito grande sendo afetado agora pela guerra na Ucrânia”, explica.

Se os fluxos de comercialização e produção forem interrompidos, também pode interferir diretamente no mercado dos grãos como por exemplo, no milho e trigo, gerando aumento dos preços e, no caso do milho, impactando os custos da pecuária. Murilo explica que no momento os produtores e agricultores precisam estar atentos as orientações de planejamento.

“Nós orientamos os produtores a procurarem as revendas para realizar os projetos de compra para antecipar a logística de distribuição desses fertilizantes, porque isso não se faz de uma hora para outra. Com a guerra na Ucrânia o Brasil está seriamente comprometido porque entre os principais fertilizantes que são importados, os nutrientes mais importantes, o Fósforo o Brasil pode resolver com o Marrocos, mas o Nitrogênio já complica porque a Europa depende da Rússia. Agora o metade do Potássio consumido do país vem da Rússia e da Belarus. Vamos ter problemas para a próxima safra, esse momento de guerra é de grande instabilidade e por isso os produtores precisam se preparar para garantir as negociações” afirma, Murilo Alves.


Murilo Alves, extensionista da Emater em Araxá 

Um dos fatores para a alta da inflação é uma demanda maior que a oferta

Nas últimas semanas por medida preventiva, algumas redes de supermercado chegaram a limitar o número de produtos por cliente para evitar uma crise no abastecimentos de produtos básicos da alimentação.

Agora os efeitos da guerra entre a Rússia e  Ucrânia vão afetar diretamente a mesa do consumidor. O tradicional pão francês está com alta acumulada em  cerca de 18%  entre 2021 e 2022, o quilo pode chegar a R$ 19 de acordo com a Associação que reúne panificadoras e padarias de Minas Gerais, a Amipão. As restrições de exportação no leste europeu, centro produtor mundial da farinha de é um dos motivos para a elevação do produto em 16%.

A alta do trigo ocorre porque os países que importavam da Rússia e Ucrânia estão, agora, negociando com outros mercados como Estados Unidos, Canadá e Argentina, este último sendo a origem de grande parte do grão utilizado no Brasil. Segundo o extensionista, a inflação deve afetar diretamente as famílias mais carentes, e impactar a alta de outros produtos básicos da alimentação.

“O que a gente corre o risco nesse caso é de haver uma redução do uso desses insumos que são indispensáveis no modelo tecnológico de produção dos grãos. A produção sendo menor vai haver o impacto no preço dos alimentos, e vamos ter as consequências da inflação que penalizam mais as populações menos favorecidas” finaliza.  

Ouça a entrevista com Murilo Alves