Os dois ex-secretários da atual gestão prestaram depoimento na CPI que investiga irregularidades na Secretaria de Agricultura
Nesta sexta-feira (30) na Câmara Municipal de Araxá ocorreu a oitiva de dois ex-secretários de Agricultura, convocados a prestar esclarecimentos, referentes às irregularidades que são investigadas através da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara.
O primeiro a ser ouvido foi o ex-secretário Farley Pereira de Aquino, que atuou de janeiro de 2021 a março de 2022, logo depois foi ouvido o ex-secretário Wander Prugger que assumiu a Secretaria em março de 2022 e foi exonerado oficialmente em abril deste ano.
Ex-secretário Farley de Aquino
Farley prestou depoimento falou sobre sua saída da secretária e fez várias declarações relacionadas ao prefeito de Araxá, segundo ele o prefeito escolheu a equipe que trabalharia com ele, alinhava serviços diretamente com os assessores de sua secretária e indicava máquinas para realizar trabalhos para a Secretaria.
“Quando eu cheguei na Secretaria eu imaginava que as máquinas fossem solicitadas democraticamente, mas não foi assim que aconteceu, as principais máquinas que trabalharam lá o senhor prefeito que mandou, me deram o nome das pessoas e dos empresários e que eu tinha que convidar aqueles empresários, ou melhor aquelas máquinas para prestar o serviço”, pontuou Farley.
“O senhor Wander Prugger que era o assessor que eu tinha, era o encarregado dessas máquinas ele que era o fiscal do contrato e fazia todo o trabalho, acompanhava inclusive os trabalhos nas estradas, ele foi indicado pelo senhor prefeito alegando que ele já tinha sido secretário em outra gestão e que tinha experiência e seria a pessoa mais indicada e da alta confiança dele para fazer esse tipo de trabalho”, acrescentou Farley, sobre o seu assessor que posteriormente assumiria como secretário no seu lugar.
Farley apresentou um áudio onde o prefeito fala para “dar atenção” a uma máquina de um suposto proprietário que prestava serviços.
“Era final de ano, eu não tinha orçamento para contratar mais, eu questionei o senhor prefeito, alegando que eu não tinha orçamento e também estava no período chuvoso, mas essa máquina trabalhou. Ele pediu que eu fizesse um plano de trabalho e apresentasse para o senhor Arnildo do secretário da Fazenda, que eu poderia sim contratar essa máquina que eles davam um jeito de fazer o pagamento”, denunciou Farley.
O ex-secretário ainda afirma em suas falas que houve realização de serviço cobrado de forma particular e que só após o pagamento feito pela Prefeitura ele identificou.
Farley, questionado sobre não ter denunciado esses fatos antes, disse estar ciente que pode ser denunciado na investigação da Polícia Civil, principalmente por assinar fichas de trabalho e ter conhecimento do que supostamente acontecia de errado, também afirmou ter prestado depoimento à Polícia Civil.
Ex-secretário Wander Prugger
Wander começou seu depoimento negando que tratava diretamente com o prefeito quando era assessor do secretário, Farley. Negou as denúncias feitas pelo secretário anterior e explicou como eram feitos os acompanhamentos na sua gestão.
“Se foi duas vezes, foi muito que o prefeito me ligava porque às vezes não conseguia falar com o secretário, mas o prefeito não dava trabalho para gente não, ele interferia muito pouco na nossa gestão”, disse Wander.
Sobre o período da sua gestão, o ex-secretário Wander informou que assumiu a Secretaria com a mesma equipe e somente solicitou a exoneração de uma assistente direta do ex-secretário Farley. “Eu via todo mundo trabalhando, eu era até um secretário enjoado a turma lá até não gosta de mim porque eu pego no pé do servidor público, eu falava, eu não quero voto eu quero trabalho e serviço, produtor tem que ser bem atendido e eu ganhava para isso”, acrescentou.
Wander disse desconhecer o processo de cadastramento dos prestadores de serviço pelo CIMPLA e afirmou nunca ter sofrido pressão para escolher determinada máquina, e que nenhuma máquina foi beneficiada. “Aqueles que recebiam mais era quando optavam por trabalhar sábado e domingo, quem quisesse trabalhar podia trabalhar sábado, domingo e feriado, eu respeitava meu orçamento”, pontuou.
Ressaltou que além do que compete ao projeto Porteira à Dentro, nenhum serviço era feito. “Eu tinha planejamento, fazendeiro que me pedia a máquina estando no local eu prestando aquele tipo de serviço, jamais eu tirei a máquina de um lugar para atender pedido não, era tudo dentro de um planejamento agora na época do ex-secretário era caça voto, a gente organizava um negócio, bagunçava tudo de manhã cedo, uma ordem que dava em um dia no outro dia dava outra ordem”, disse sobre Farley como secretário.
Segundo Wander, dois assessores da Secretaria de Agricultura saíram da prefeitura após sua saída, porém ele não sabe precisar se pediram conta ou foram exonerados. “Hoje eu sei que eu não posso conversar com a Michele, com o Beleza e com o prefeito, que eu não posso ter contato” segundo Prugger essa orientação foi feita pela Polícia Civil quando tomou conhecimento que estaria sendo investigado e afirmou ter prestado depoimentos.
Sobre ter conhecimento de prestadores de serviço, realizar trabalhos particulares e receber também da prefeitura, negou. “Jamais tive conhecimento disso não me compactuo com isso, eu sou muito transparente em relação a esse tipo de coisa, agora uma coisa eu te falo o fazendeiro aquelas pessoas humildes eles querem agradar tem gorjeta? Têm, o cara vai lá você está fazendo um serviço lá, o cara olha toma R$10 toma R$20”, disse.
As duas oitivas podem ser acompanhadas pelo canal do YouTube da Câmara Municipal de Araxá através dos links abaixo:
Ex-secretário, Farley Aquino, https://www.youtube.com/watch?v=hZZwn7HLWc8
Ex-secretário Wander Prugger, https://www.youtube.com/watch?v=t0JUr1mCeAE
Posteriormente outras pessoas serão convidadas ou convocadas para as oitivas da CPI, mas até o momento novos nomes não foram divulgados.
