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Postado em: 07/07/2023 - 18:47 Última atualização: 08/07/2023 - 10:13
Por: Bruna Isabella Silva / Portal Imbiara

Ex-assessores e funcionário do Cimpla são ouvidos em CPI na Câmara de Araxá

CPI que investiga irregularidades na Secretaria de Agricultura ouviu dois assessores exonerados e um funcionário do Cimpla

Ex assessores e funcionário do Cimpla ouvidos em oitiva na Câmara de Araxá

Na manhã desta sexta-feira (7) na Câmara Municipal de Araxá ocorreu a oitiva de dois ex-assessores da Secretaria de Agricultura e de um funcionário do Cimpla, citados em oitivas anteriores dos ex-secretários, sendo então chamados como testemunhas para prestar esclarecimentos sobre irregularidades investigadas através da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara. 

Ex-assessor, Ricardo Verçosa Cardoso

O primeiro a ser ouvido foi o ex-assessor Ricardo Verçosa Cardoso, conhecido como Beleza, segundo Ricardo ele começou a trabalhar como assessor III e após um ano passou ao cargo de assessor II na Secretaria. Segundo ele, sua exoneração foi em seu pedido orientado por um advogado.

Durante seu testemunho Ricardo afirmou ser amigo do prefeito e do vice-prefeito de Araxá, e esclareceu como realizava seu trabalho. “A minha função era desenvolver atividade em campo, resolvendo algum problema que acontecesse no momento, em nenhum momento eu fui avisado que eu seria fiscal, até então eu fiquei sabendo sobre essa questão de fiscal agora com a investigação, se meu gestor tivesse me falado sobre ser fiscal eu teria sido sem problema, só que eu não fui avisado em momento nenhum”, disse Ricardo, sobre assinar documentos como fiscal, documentos estes que controlam o trabalho de operadores.

Afirmou ser convidado a assinar os horários dos operadores, documento que depois era utilizado para realizar o pagamento. “Todo final de mês eles avisavam ‘Ricardo você pode descer aqui na secretária as folhas de pagamento precisam da sua assinatura’, eu descia, não lia! Até tinha uma pessoa que me ajudava, ela ia passando as folhas e eu ia assinando, não lia nada”, afirmou.

“Toda sexta-feira eu tinha costume de mandar para o Danilo todo o trabalho que fizemos durante a semana, eu filmava o antes e depois até para eles verem a qualidade do serviço e toda sexta-feira era repassado fotos desses serviços prestados, e o Danilo passava para a assessoria de comunicação da Prefeitura porque a gente não podia colocar nosso trabalho sem passar por essa assessoria”, pontuou.

Ricardo disse desconhecer como os equipamentos eram solicitados e disse que quem definia as demandas era o secretário que também coordenava os trabalhos.

Questionado sobre um familiar possuir maquinário trabalhando, esclareceu. “A minha mãe possui um equipamento que era arrendado para a empresa do Luciano 'carequinha', ele tinha autonomia para colocá-la em serviço público ou privado”, disse ainda que essa máquina trabalhou para a prefeitura.

Sobre a investigação Ricardo deu sua opinião. “Eu acho que tudo vai ser esclarecido a Polícia Civil está fazendo um belo trabalho, já está há quase um ano dedicado a essa investigação, desconheço porque já não foi concluída, eu acredito que tem muito interesse político e empresarial por trás disso tudo, na minha percepção chega até ser uma perseguição política, essa é a minha opinião! Porque se não tudo já teria sido esclarecido, se tivesse uma coisa tão errada e tão grave igual estão colocando aqui”, ressaltou.

Ricardo ainda afirmou que quando as máquinas estragavam ou paravam o operador deixava a máquina ligada para o horímetro rodar e assim não perder o dia de pagamento. “Era o único jeito deles receberem, estavam lá a disposição a máquina e o operador, então eu acho que mais que direito de eles receberem, esses erros já vêm de gestões. Eu não estou dizendo que o contrato do Cimpla tenha culp,  eu acredito que do jeito que está não funciona, como eu disse se o caminhão estragar, a máquina o operador está lá a disposição, vai ficar parado sem receber porque ela depende do outro equipamento, por exemplo, o caminhão estraga três horas da tarde, ele recebe diária, a máquina que ficou parada porque esse caminhão estragou ele não consegue receber”, concluiu. 

Funcionário do Cimpla, João Natal Bernardes

O segundo a ser convidado para prestar esclarecimentos foi João Natal Bernardes, funcionário do Cimpla, que já no início através de seu advogado, informou que não responderia nenhuma pergunta. “Ele não vai responder nenhuma pergunta nós temos um inquérito em andamento eu sou responsável pela defesa dele no inquérito, esse inquérito tramita em sigilo, tivemos acesso às informações, há mais de um mês, então nós não sabemos das novidades o senhor João está na condição de investigado então por orientação minha ela vai manter ao direito absoluto de ficar em silêncio, nenhuma pergunta será respondida” informou o advogado. Wisley Cill Farney.

Ex-assessora, Michelle Correia Silva

A terceira a ser chamada foi a ex-assessora, Michelle Correia Silva, que assumiu o lugar de Wander Prugger, quando Wander assumiu como secretário. “Meu cargo era assessora I e o meu setor era a Agricultura, eu comecei em março de 2022, antes disso eu trabalhava como operadora de caixa”, disse.

Michelle afirmou ter sido nomeada pelo prefeito, negou possuir parentesco com o alto escalão da Prefeitura, porém logo em seguida quando questionada, disse que o seu marido é cunhado do prefeito Robson Magela.

Questionada se a vaga foi oferecida primeiro ao seu marido, disse. “Primeiramente o Robson tinha feito o convite para ele (marido da Michele) só que pelo fato dele namorar a irmã do meu esposo, ele foi aconselhado a não prosseguir com essa oferta de trabalho”, informou.

Os vereadores questionaram quanto era o seu salário e se ela possuía experiência, Michele disse que ganhava R$8.600,00, sobre ter experiência para trabalhar no setor, ela citou suas experiências anteriores com fechamento de loja de supermercado, e disse que tem curso de secretariado, disse que aprendeu o serviço depois que chegou na Secretaria.

“Meu trabalho era de campo, era acompanhar uma turma no serviço, levar até o local acompanhar eles, levar o almoço e trazer a turma de volta”, explicou.

Negou acompanhar o tempo de trabalho dos operadores nas máquinas disse que o trabalho era feito pelos próprios operadores, depois quando questionada novamente, disse que de sua turma ela realizava o controle. “ Esse controle era entregue para os operadores e eles tinham essa função de passar para o papel e eu recebia o papel de volta”, ressaltou.

Também não soube explicar como eram feitas as escolhas das máquinas para trabalhar e afirmou que quem determinava os serviços era o secretário.

Quando apresentado a ela durante a CPI documentos em branco que Michelle assinou, ela explica que as anotações eram as mesmas da folha que vinha anterior, então estava certo. “Como era a mesma coisa que estava na primeira, ia passar para a segunda os meninos não preenchiam, era o mesmo tanto de hora, assinava, para mim é normal”, concluiu.

Michele disse que foi exonerada da Secretaria e desconhece o motivo, informou que não tem conhecimento de máquinas terem trabalhado em propriedades particulares.

Os depoimentos podem ser assistidos na íntegra através do Canal do YouTube da Câmara de Araxá.

https://www.youtube.com/watch?v=U1cVx0P4kUE

https://www.youtube.com/watch?v=ma37nF0EVac

CPI

A CPI criada apresenta como justificativa a gravidade da situação exposta pela “Operação Ourímetro”, desencadeada pela Polícia Civil, bem como os representantes da Casa legislativa merecem esclarecimentos sobre possíveis desvios de finalidade e lesões ao erário que, em tese, estariam acontecendo. O documento de protocolo da CPI ainda ressalta que a sociedade Araxaense necessita que dentro da esfera de atuação dos vereadores sejam propostas soluções adequadas.