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Postado em: 18/09/2023 - 17:11 Última atualização: 18/09/2023 - 17:50
Por: Bruna Isabella Silva / Portal Imbiara

CPI da Agricultura: Operadores de máquinas são ouvidos na Câmara de Araxá

Um dos operadores informou que realizou serviço em propriedades próprias e de parentes de vereadores

Câmara Municipal de Araxá Foto: Arquivo Portal Imbiara

Nesta segunda-feira (18) a CPI da Agricultura que caminha para a fase final ouviu dois operadores de máquinas que trabalhavam para empresas contratadas pela Prefeitura de Araxá.

O primeiro a ser ouvido foi Luiz Bosso Rodrigues, que afirmou ter sido ouvido na Polícia Civil, e que foi funcionário do Sérgio Andrino. Segundo Luiz, ele trabalhava nos serviços de estradas vicinais e no programa porteira à dentro em várias fazendas.

Informou que sabia que a máquina que ele trabalhava do Sérgio possuía dois horímetros. “Quando foi colocar eu falei que não ia dar certo e eu ia sair, eles não deixaram, eu sabia que estava errado, eu já trabalhei na Prefeitura”. Ele informou que preenchia as suas horas em uma folha de caderno e depois quando assinava não era o mesmo. Eu anotava em um papel lá na roça e passava para ele (Sérgio), aí eles preenchiam a folha, eu passava lá estava oito horas direto, eu falava, não tem máquina que trabalha oito horas direto, se fizer cinco horas, arrebentou a boca do balão”, disse.

“Você sai daqui tarde, você para pra almoçar, um, passa em um lugar, outro passa no outro resolvendo alguma coisa deles, você chega no serviço, tem dia que tá na hora do almoço, duas horas dependendo da distância tem dia que você vem embora, como que você vai fazer oito horas? ”, perguntou.

Luiz ressaltou que passava meses sem ver nenhum dos fiscais, disse que a assessora da Secretaria de Agricultura, Michele, não tinha nenhuma experiência e não conseguia ter autoridade com a turma. Disse que os fiscais de serviço da Prefeitura tinham conhecimento sobre os dois horímetros nas máquinas, afirmou que o segundo horímetro foi colocado durante a gestão do Wander Prugger.

Salientou que fez trabalhos na fazenda do pai do deputado Bosco, avó do vereador Bosco Junior e em algumas propriedades de parentes do vereador Jairinho Borges, segundo Luiz, serviços que eram contemplados pelo programa porteira à Dentro, segundo ele na época a ordem partiu do ex secretário Wander Prugger e era fiscalizado pelo Ricardo Beleza e Michele.

Após dar esta declaração, Luiz disse que nas folhas eram anotados serviços diferentes. “Mandavam a gente fazer, e relatava na folha, bolsão, esgoto, aquele tipo de serviço você não podia colocar, era a ordem que a gente recebia”, relatou devido alguns serviços que ele fazia não serem contemplados no programa Porteira à Dentro.

“Eu fiz um serviço também para o Dirley da Escolinha, inclusive lá mesmo eu estava trabalhando e a máquina parada, a patrol parada, ele estava lá, eu estava desaterrando cortando um barranco e aterrando para baixo e depois arrumamos a estrada dele, no sítio dele lá”, concluiu. 

 Sinalizou também que em alguns momentos, algumas máquinas saiam para fazer serviços particulares e ele ficava sozinho nas atividades.

O segundo a ser ouvido na CPI da Agricultura como testemunha foi Evandro Gonçalves de Faria, trabalhou para o empresário Branco por um ano e dois meses prestando serviço para a Prefeitura de Araxá.

Afirmou que preenchia a folha com horário que realizava de trabalho, “Essa parte diária eu assinava ela todo dia, o horímetro hora e passava para eles fim de mês”, afirmou que depois era chamado no almoxarifado para assinar outra folha e que lá as folhas estavam diferentes do que ele trabalhou.

Segundo Evandro, a média de horas trabalhadas era de seis horas por dia e tinha que assinar folhas com oito horas preenchidas.

Sobre a execução do serviço disse que o secretário Wander, era quem dava as principais ordens, ressaltou que serviço particular não fez para ninguém, só trabalhou nas prestações de serviço da Prefeitura.

Relatou que trabalhava mais sozinho, não presenciou máquinas ligadas sem trabalhar, disse que fazia mais serviços de estradas rurais, afirmou que não trabalhava no final de semana e que nunca notou nada diferente ou que chamasse a sua atenção na execução dos trabalhos realizados por ele.

Foi anunciado que na próxima quarta-feira (20) já estão oficiados e marcadas a oitiva do senhor Reginaldo Alves da Silva, conhecido como ‘Branco’, para às 10h, e do prefeito de Araxá Robson Magela para às 14h.

Acompanhe as oitivas completas: https://www.youtube.com/@CamaraMunicipaldeAraxa

Todas as matérias sobre as oitivas da CPI, podem ser conferidas na coluna de Política do Portal Imbiara. AQUI

Investigação da PCMG

A investigação da Polícia Civil foi feita na Secretaria de Agricultura de Araxá, iniciou-se em setembro de 2022 e apura desvios que podem chegar na ordem de pelo menos R$4 milhões. A investigação contou com oitiva de 40 pessoas e análises periciais, os suspeitos teriam lesado os cofres do município por meio de pagamentos de serviços não prestados, pagamentos em duplicidade, superfaturamento de horas trabalhadas, desvio de combustível da prefeitura e recebimento de vantagem financeira para beneficiar empresas.

CPI

A CPI criada apresenta como justificativa a gravidade da situação exposta pela “Operação Ourímetro”, desencadeada pela Polícia Civil, bem como os representantes da Casa legislativa merecem esclarecimentos sobre possíveis desvios de finalidade e lesões ao erário que, em tese, estariam acontecendo. O documento de protocolo da CPI ainda ressalta que a sociedade Araxaense necessita que dentro da esfera de atuação dos vereadores sejam propostas soluções adequadas.