O projeto já atendeu 72 homens em Araxá e possui apenas 2% de reincidência
Os dados estatísticos mostram que no Brasil uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas, em Araxá em 2021, 996 casos foram registrados em denúncia, em 2022 foram 1.096 casos de violência sofrida por mulheres na cidade.
O projeto Rede de Enfrentamento à violência doméstica e familiar: Por um Novo Propósito, desenvolvido pela Delegacia da Mulher de Araxá, é voltado para os autores de violência contra a mulher, visando à participação em grupos reflexivos por meio de conversas psicoeducativas para prevenção e conscientização contra a violência doméstica e familiar, para não voltarem cometer violência contra as mulheres.
“O projeto funciona se olhando a premissa de que antigamente era somente olhando o lado da vítima, visto que essas vítimas 50 a 60% retomam o relacionamento com esses autores, por dependência financeira emocional e essas violências às vezes voltam a acontecer, então esse projeto foi baseado por pesquisa, artigos científico da jurista Gabriela Manssur de São Paulo onde ela tem uma reincidência de 1%”, explicou o psicólogo do projeto, Ovídio José da Silva em entrevista à Rádio Imbiara nesta sexta-feira (10).
“Os projetos partem da solicitação da medida protetiva, à vítima chega, ela registra o fato, o boletim de ocorrência e solicitar a medida protetiva onde que em alguns casos é instaurado o inquérito ou não é passado para o poder judiciário onde que eles intimem esses autores, esses homens vêm através de uma ordem judicial, onde a gente faz um trabalho de conscientização reeducação desses comportamentos inadequados, então a gente trabalha algumas temáticas com eles durante 10 encontros como comunicação não violenta, relação familiar, lei Maria da Penha, direitos e deveres”, pontuou o psicólogo.
Acolhimento, orientação, rompimento com a situação de violência e resgate da autonomia, autoestima e autodeterminação. Essas são as principais medidas oferecidas a quem procura a Delegacia da Mulher em Araxá. Explica a assistente social do projeto, Luana Cristina de Souza Santos.
“As mulheres estão com menos medo de denunciar, quando essa mulher chega para fazer a denúncia ela é acolhida na delegacia, ouvida, passa tanto pela assistente social quanto pelo psicólogo para acolher ela porque ela já chega muito abalada e se ela precisar de um encaminhamento a gente já começa a encaminhar essa mulher”, explicou Luana.
“Foi constatado através de pesquisa que só a prisão do autor não é suficiente, a gente quer mostrar que a reeducação desse autor faz com que totalmente seja diferente a conduta dele, seja no relacionamento atual ou com aqueles que ele vai ter no futuro”, complementou.
Em Araxá o projeto já atendeu 72 homens denunciados por cometerem violência contra mulher e apenas 2% de reincidências foram registradas.