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Postado em: 08/07/2022 - 17:02 Última atualização: 11/07/2022 - 07:48
Por: Natália Fernandes - Portal Imbiara

Papo com a Nat: Delegado é favorável à liberação de determinados tipos de drogas

O delegado Vinícius Ramalho falou sobre a polêmica da legalização das drogas e a falta de políticas públicas eficientes para o combate ao tráfico

Delegado Vinicius Ramalho nos estúdios da Rádio Imbiara FM (91,5)

O Papo com a Nat desta sexta-feira (8), do programa Super Tarde, da Rádio Imbiara FM (91,5), recebeu o delegado Vinícius Ramalho, responsável pela Delegacia de Crimes Contra a Vida, e pela Delegacia de Entorpecentes para falar sobre o trabalho da Polícia Civil em Araxá.

À frente da Delegacia de Entorpecentes, Vinícius Ramalho diz que o tráfico no Brasil está longe de ter uma solução, e que o ciclo sempre se repete por não haver uma regulamentação mais assertiva sobre o uso de certos entorpecentes, como é feito em outros países.

“Eu sou a favor da política da liberação de determinados tipos de drogas. Eu acho que prender usuários da forma que infelizmente a gente faz hoje, não vai resolver o crime e não vai resolver o problema do usuário. Mas talvez sim, se governo regulamentasse a questão, se taxasse o produtor do entorpecente de determinados tipos, não são todos os tipos por óbvio. Eu faço contraponto com o álcool. Durante o plantão policial, grande parte de crimes de violência doméstica, acidente de trânsito são pessoas sob o efeito de álcool ,que é uma droga e vendida livremente por bares e restaurantes”, se posiciona o delegado.

Ainda sobre o assunto, Ramalho diz que o governo brasileiro deve estudar modelos de utilização de certos entorpecentes pelo mundo, para promover uma discussão mais atualizada.

“O cultivo é mesmo para outra destinação. Se pegar, por exemplo, a maconha, nós vemos a China usar a maconha para a indústria têxtil. Os Estados Unidos permitindo o cultivo da Cannabis Sativa e arrecadando impostos, assim como vemos em outros países da Europ. Essa permissão permite inclusive que o governo trabalhe outras formas de utilizar o entorpecente. O óleo essencial da maconha é utilizado para o tratamento de doenças graves e degenerativas e que em razão da proibição não podemos ter esse recurso aqui no nosso país. Mas tudo isso depende do nosso amadurecimento e o amadurecimento dos nossos governantes, porque ainda há uma resistência em falar sobre a liberação de drogas”,  disse Vínicius Ramalho.

Vinicius Ramalho nasceu em Araxá e a primeira cidade em que atuou como delegado foi  na cidade vizinha Ibiá, no Alto Paranaíba, onde ficou por quatro anos após prestar um concurso público. Ele é primeiro integrante da família a seguir a carreira policial e identificou o interesse pela profissão ainda na infância.

“Essa é uma vontade que nasceu ainda criança, nas brincadeira com meu irmão em casa eu gostava de ser o policial. Eu fiz o curso de Direito em Belo Horizonte, mas não me encontrava na profissão de advogado e não me via com o talento para ser advogado, então, fui conhecendo um pouco mais sobre as diversas funções policiais e a Polícia Civil me encantou justamente pela função de investigar crimes e tentar reprimir a criminalidade pela identificação do fato e do autor”, conta o delegado.

O delegado diz que a realidade da profissão não foi como ele pensava, mas que com as dificuldades encontradas vieram grandes ensinamentos.

“Completamente diferente. Eu amadureci a ideia de ser policial e tinha uma ideia melhor da estrutura da Policia Civil e quando eu cheguei em Ibiá para trabalhar eu me assustei, pois faltavam recursos e me deparei com uma situação complicada. Foi um desafio muito grande e hoje eu vejo os novos policias chegando e encontram um ambiente muito melhor do que quando eu assumi, mas isso foi importante para me desenvolver e crescer”, ressalta Ramalho.

Caso recente de tortura registrado em Araxá foi um dos mais impactantes da carreira do delegado ao longo de 10 anos

O trabalho realizado pela Polícia Civil em Araxá tem ganhado destaque devido à crimes de grande repercussão. De acordo com o delegado, o trabalho é feito com o objetivo de elevar os níveis de eficiência da ação policial e o empenho dos investigadores.

“Durante esses cinco anos atuando em Araxá, eu e minha equipe temos um aproveitamento em resolução de homicídios, com identificação de autoria e prisão de suspeito, de 98%. Araxá é uma cidade tranquila em relação a outras cidades, mas existem crimes contra a vida porque isso é da essência do ser humano. Esses índices que atingimos exige da gente uma maior dedicação ao próximo crime a ser desvendado porque a cobrança vem e vem em dobro”, afirma.  
 

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