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Postado em: 08/03/2023 - 11:10 Última atualização: 08/03/2023 - 11:11
Por: Natália Fernandes - Portal Imbiara

Dia 8 de março: A luta das mulheres para conquistar espaço e igualdade através das gerações

A jornalista Regina Porfírio, a Secretária de Educação Zulma Moreira e a vereadora Leni Nobre falaram sobre o tema durante o programa Imbiara Notícias na Rádio Imbiara FM 91,5

Vereadora Leni Nobre, jornalista Regina Porfírio e Secretária de Educação Zulma Moreira nos estúdios da Rádio Imbiara

A manifestação das mulheres nas ruas, ao reivindicar por mais direitos e melhores condições de vida, deu origem ao Dia Internacional da Mulher. Na época, as mulheres ainda não tinham direito ao voto e sofriam muita desigualdade, tanto salarial quanto de valor perante a sociedade.

Durante entrevista nos estúdios da Radio Imbiara FM 91,5 a jornalista Regina Porfírio falou sobre como iniciou na carreia do jornalismo político, e os desafios que enfrentou naquele tempo onde eram poucas as mulheres que tinham voz ativa na sociedade.

“Eu era contra o Deusdeti na política, toda vida eu tive o meu voto e não concordo com isso de ter que seguir o voto do marido. Eu sempre tive uma tendência de esquerdista e fazia matérias para o                “Correio de Araxá” e depois para o “Jornal Clarim” e para “O Tempo” também. Em casa o ambiente era bem quente devido à política e eu sempre busquei o jornalismo independente apesar de ter sofrido pressão política, chegaram a ligar para o Deusdeti pedindo que eu parasse de falar sobre certos assuntos”, explica Regina.

A jornalista falou ainda sobre a geração onde as mulheres ainda viam a liberdade pela janela.

“Não foi fácil porque não é só sobre política, eu nasci em 1941 e sou da última geração que ainda é amarrada a essas questões sobre servir o marido, sem liberdade e sem independência. Hoje a mulher está em uma situação melhor, e isso ainda é muita responsabilidade. Eu queria ter filhos, e queria continuar trabalhando. E o Deusdeti me disse que eu poderia ficar em casa que ele iria me dar tudo que eu precisava” afirma.  

A Secretária Municipal de Educação Zulma Moreira, também relatou sobre a conquista das mulheres ao longo do tempo relembrando o Estatuto da mulher casada que significou um marco muito expressivo para os dias de hoje.

“Eu fui professora de história há muitos anos, e esse retrato do porque que existe o dia da mulher não é para se comemorar, e sim relembrar as lutas. O estatuto da mulher casada com algumas liberdades como o direito de trabalhar sem pedir o marido, significou uma liberdade e o que hoje é inimaginável que precisasse de um documento como esse. Como é o exemplo da Lei Maria da Penha, um dia ainda vai ser lembrada como necessária e tudo isso é um estado de luta, por isso existe o dia da mulher”, disse Zulma.

A vereadora Leni Nobre também falou sobre o desafio de criar filhos sem a presença de um marido, que no seu caso foi uma escolha importante e que a tornou mais firme em seus propósitos.

“Eu sou da geração de 1962, o ano passado quando eu fiz 60 anos eu falei assim.. agora eu posso ser igual a Dona Regina porque agora eu posso falar porque sou uma mulher adulta. Eu optei por não casar, peguei uma criança de 1 ano e 2 meses, a minha história é uma história de mãe solo por escolha”, explica Leni.

A vereadora disse ainda sobre a luta pelo conhecimento por ter vindo de uma origem pobre sem estrutura para estudar, precisou trabalhar ainda criança para alcançar seus objetivos.

“A minha historia de construção política, a graduação, mestrado e doutorado não mudaram a minha consciência sobre a minha criação e quem eu sou de onde vim, sou uma pessoa de família pobre, e eu precisei fazer acordos políticos e eu virei empregada domestica sem salario aos 11 anos de idade. Eu trabalha para estudar, e por isso apoio que as mulheres tenham esse amparo para estudar com projetos que auxiliam nesse processo”, finaliza.

Sobre o assunto, Zulma Moreira também reforçou a importância do estudo para a mulher conquistar lugares mais altos.

“Basicamente letramento e renda é a possibilidade que a mulher teve de estudar após 300 anos das escolas no Brasil, se a mulher tem o conhecimento ela tem a postura de se inserir no mercado do conhecimento e isso é o que abre muitas portas. Que as mulheres possam ter onde deixarem os seus filhos para aproveitar essa oportunidade de estudar, isso mudou a minha vida e deveria ser a oportunidade de todas as mulheres” finaliza.