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Postado em: 23/12/2023 - 15:39 Última atualização: 23/12/2023
Por: Natália Fernandes - Portal Imbiara

Indulto Natalino levanta questionamentos sobre o humanitarismo ser um risco à Justiça

Benefícios a condenados dividem opiniões e promovem discussão sobre perdão de multas

Apesar do caráter humanitário, as exceções e condições específicas geram críticas. Foto: Sejus

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na sexta-feira (22) o decreto de indulto natalino, uma tradição no Brasil que concede o perdão presidencial coletivo. No entanto, este ano, o ato levanta questões éticas devido às condições específicas estipuladas para os beneficiários.

O indulto se aplica a condenados por crimes sem violência ou grave ameaça às vítimas, variando as condições conforme o tempo de condenação. Para condenados com sentença inferior a oito anos, é necessário cumprir ao menos um quarto da pena; para reincidentes, um terço. Para penas de oito a 12 anos, um terço da pena até 25 de dezembro, ou metade para reincidentes.

O benefício se estende a presos com mais de 60 anos (um terço da pena, ou metade para reincidentes) e acima de 70 anos (um quarto da pena para não reincidentes, ou um terço para reincidentes). Mulheres com filhos menores ou com filhos com doenças graves também foram contempladas.

Apesar do caráter humanitário, as exceções e condições específicas geram críticas. Crimes contra o Estado Democrático de Direito, crimes ambientais e crimes contra mulheres não entram no escopo do indulto. Exclusões compreensíveis, mas a lista continua, abrangendo corrupção, peculato e mau uso de verbas públicas, entre outros.

Outras críticas incluem o perdão a multas de até R$ 20 mil, alegadamente baseado na capacidade econômica do beneficiário. A tradição anual desse decreto, considerado por alguns como humanitário, acaba se tornando questionável quando se percebe a amplitude de crimes contemplados.

Em anos anteriores, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a suspender trechos do indulto, mostrando que a questão não é isenta de controvérsias. Enquanto a tradição busca um caráter humanitário, as condições específicas e exceções lançam dúvidas sobre a integridade do sistema judicial e sobre a mensagem enviada à sociedade sobre justiça e clemência.