bem brasil
bem brasil
Postado em: 04/04/2019 - 16:53 Última atualização: 05/04/2019 - 08:55
Por: Natália Souza e Eduardo Santana - Portal Imbiara

Agência de Mineração indica problemas de estabilidade em barragens

Diretor do Cefet de Araxá fala sobre a nova metodologia de avaliação da ANM e explica a atual situação da barragem da Mosaic

Imagem Aérea da Mosaic em Araxá/MG. Foto: Mosaic / Divulgação

A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou nesta segunda-feira (1º) ter interditado 56 barragens no Brasil por problemas de estabilidade. Das barragens interditadas por falta de documentação, 23 estão localizadas em Minas Gerais, seis  em São Paulo, quatro em Mato Grosso, duas no Rio Grande do Sul, duas em Goiás, uma no Pará, uma no Amapá. Já as barragens interditadas devido a falta de estabilidade são 13 em Minas Gerais, três no Pará e uma no Paraná.

O envio anual da Declaração de Condição de Estabilidade está previsto em lei, mas, em fevereiro, a ANM deu 30 dias de prazo para as empresas enviarem a documentação sobre as barragens do tipo a montante.

O diretor do Cefet de Araxá, Felipe Russo, especialista em barragens e consultor da Agência Nacional de Mineração (ANM), informou que nas barragens de Araxá e região não houve variação da condição de  segurança. “Na verdade, foi a mudança normativa que colocou a barragem atual, que é a B1/B4 da Mosaic em Araxá, em condição de alerta e isso foi discutido na reunião que eu estive na última segunda-feira na ANM", explicou. Segundo Felipe Russo, o documento foi realizado da melhor forma possível, mas eles também tem limitações de pessoas, de prazos e esse documento está em avaliação pública.   

Os prazos para adequações das barragens para a nova realidade imposta devem ser adiados e, se isso acontecer, existe grande chance de que a barragem B1/B4 da Mosaic entre em condições de segurança, porque não houve alteração na condição de leitura de instrumentos, de movimentação. “A barragem está como ela estava. O que ocorreu foi uma modificação do critério de avaliação para que o novo critério, que é bem mais rigoroso. Com esse novo critério,  a barragem da Mosaic não atenderia as novas normativas", informou Russo.

A condição de alerta que aconteceu para diversas barragens no Brasil é por questões de mudanças nos critérios de manutenção e segurança. Na avaliação de Felipe Russo, se forem mantidas as exigências da ANM, juntamente com o estado, onde os prazos colocados na nova lei imposta são muito curtos, a situação precocupa.  “Eu fico muito preocupado de acontecer novos incidentes na tentativa das empresas tentarem corrigir as barragens em uma velocidade que elas não permitem, pois as barragens são muito sensíveis e elas precisam de prazo,” salientou Russo.

Para Felipe, os prazos para adequação das barragens tem que ser colocados usando a boa prática da engenharia, utilizando critérios definidos por projetistas que estão recuperando as barragens e não impondo datas. Ele reforçou que o anseio da população é que essas barragens entre em segurança o mais rápido possível, "mas o excesso de remédio pode matar o paciente". 

Muitas barragens que estão como inseguras atualmente, talvez não estejam mais, quando a engenharia  tiver condições de refinar os parâmetros. “Enxergo que muitas considerações não estão sendo levadas em conta, como por exemplo, a permeabilidade do material usado. Quando o material tem a impermeabilidade muito elevada, a água drena e isso não é considerado pelos modelos. A engenharia precisa parar, entender esse problema de forma um pouco mais profunda, para conseguir calcular com maior precisão o que está acontecendo e no final gerar parâmetros mais confiáveis", disse Felipe. O diretor do Cefet de Araxá deixou claro que os critérios de segurança precisam ser adotados e o que não pode acontecer é colocarem a vida das pessoas em risco.