Viagem revela histórias de produtores e celebra tradição mineira em preparação para cerimônia da Unesco
Em uma semana, a Kombi Queijo partiu de Araxá e percorreu todas as 10 regiões do estado para reforçar a importância do Queijo Minas Artesanal. A viagem de mais de 1.500 km revelou diversas histórias e reforçou o orgulho de ser um produtor rural desse alimento tão tradicional na mesa do mineiro, candidato a ser patrimônio imaterial da humanidade. A candidatura foi protocolada pelo Governo de Minas Gerais. Leia mais: Presidente da Emater fala, em Araxá, sobre o Queijo Minas, candidato a ser Patrimônio Imaterial da Humanidade.
A expoente da causa e idealizadora da missão, Maricell Hussein. Foto: Caio César/Portal Imbiara
Maricell Hussein, expoente da causa e idealizadora da missão, denominada por ela como a volta olímpica do queijo, diz que a viagem proposta foi cumprida. “O queijo que está aqui viajou em condições inapropriadas, sem refrigeração ou ambiente propício, porém ele voltou da mesma forma que foi. Isso só pode ser porque nossa missão está cumprida. A viagem foi um pouco mais extensa porque havia cidades que nos chamavam para tirar fotos e mostrar nossa história. Passei por lugares com 400 anos de história, de produtores que me contaram que sua geração vem desde o bisavô e que sonham que seus netos continuem essa história”, detalha Maricell.
Essa missão foi realizada antes da cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), programada para o próximo dia 5 de dezembro, em Assunção, no Paraguai. “E para o produtor, quero dizer que a partir de agora, quando tivermos esse reconhecimento, não só quem faz o QMA (Queijo Minas Artesanal) vai ganhar. São todos os produtores, as famílias, todo mundo ganha. Até nós ganhamos. Fui recebida por escolas”, enfatiza Maricell, sobre viagem que renderá em um documentário programado para ser veiculado no próximo mês em evento realizado na capital paraguaia.
Maricell relembra uma passagem com um assistido da Apae, quando foi dito a ela que o maior sonho da criança era comer um queijo de 4 kg sozinho e perguntou se ela vendia o produto. "Essa geração que está vindo tem que se preparar. E a maior alegria que senti era quando um pai ou avô dizia que seu filho foi estudar, voltou e está aqui para dar continuidade. Então, com certeza, são essas crianças e adolescentes que vão continuar essa história, perpetuar a história de que o queijo vale a pena”.
A coordenadora regional da Emater-MG, Regina Célia Marins. Foto: Caio César/Portal Imbiara
Durante a recepção da chegada da viagem, Maricell Hussein recebeu uma placa de homenagem confeccionada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), entregue pela coordenadora regional da Emater-MG, Regina Célia Marins.
“O queijo, só de ver, já é saboroso. Quando você degusta, está degustando história, sentimentos, projetos de vida e realizações. Isso é importante. E isso, uma vez reconhecido, não só em Minas Gerais, mas no Brasil e no mundo inteiro, se torna uma história, um capítulo importantíssimo, uma conquista realizada a várias mãos, com vários sentimentos. É algo que se torna até poético, porque é muita emoção quando concretizamos um trabalho como esse, para divulgar e sensibilizar pessoas. É a cereja do bolo, ou seja, é o pedacinho do queijo com sabor de Minas, isso é muito bom”, comenta Regina.
Segundo Regina, a Kombi Queijo corresponde ao trabalho realizado pela Emater, que também é engajada na divulgação do Queijo Minas Artesanal por todo o estado. “É um trabalho que vem sendo feito há 76 anos. Este ano, completamos 76 anos de Emater, de Extensão Rural, nesse trabalho, em cada cantinho de Minas Gerais. O estado é composto por 853 municípios, e a Emater está presente em 813. Veja só, fazemos parte da família desse produtor que está nessa conquista diária, buscando o melhor para o mineiro e para todos aqueles que vêm a Minas saborear e sentir aquele aconchego de Minas Gerais”, completa a coordenadora regional da Emater-MG, Regina Célia Marins.
Missão pelo estado foi realizada antes da cerimônia que define se o Queijo Minas Artesanal será patrimônio cultural imaterial da humanidade. Fotos: Caio César/Portal Imbiara