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Postado em: 14/08/2020 - 16:03 Última atualização: 14/08/2020 - 17:05
Por: Márcio Rosa - Portal Imbiara

Prefeitura de Araxá afirma que colabora com as investigações da operação Malebolge

Administração municipal diz que não tem acesso ao inquérito, mas que está à disposição da Justiça

Polícia Civil cumpriu mandados de apreensão na Prefeitura de Araxá. Foto: PCMG / Divulgação

A reportagem do Portal Imbiara manteve contato nesta sexta-feira (14) com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Araxá para saber sobre o posicionamento em relação a ação da Polícia Civil que realizou, na última terça-feira (11), a operação "Malebolge". A operação investiga desvio de recursos públicos estimados em mais de R$ 5 milhões em contratos de uma empresa de transporte com a prefeitura do município.

A polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nas sedes da Prefeitura de Araxá, na rua Olegário Maciel, no Centro, e na Secretaria de Ação e Promoção Social, no bairro Santa Rita, além das residências dos suspeitos.

Segundo o procurador-Geral do Município, Jonathan Renaud de Oliveira, a prefeitura não tem acesso ao inquérito policial, já que a investigação segue em segredo de Justiça, mas que está colaborando com todas as informações solicitadas pela Polícia, o que foi confirmado pelo delegado responsável pela operação, Renato Alcino Vieira, em entrevista coletiva realizada ainda na última terça-feira (11).

A Polícia Civil informou nesta quinta-feira (13) que pediu o afastamento de três servidores públicos de Araxá: do secretário Municipal de Ação e Promoção Social, Moisés Pereira Cunha, que por conta própria solicitou a sua exoneração (confira aqui), de Lucimary Ávila, assessora Executiva 1, e do marido dela, Leovander Gomes de Ávila, que ocupa o cargo de assessor 1 na Secretaria de Ação e Promoção Social. O casal está preso ao lado de mais um servidor da Prefeitura de Araxá e do casal de sócios que administra a empresa investigada, na Penitenciária na cidade de Sacramento, no Alto Paranaíba.  

Operação “Malebonge”:

A operação deflagrada na terça-feira (11) investiga desvio de recursos públicos estimados em mais de R$ 5 milhões em contratos de uma empresa de transporte com a Prefeitura de Araxá.  

Foram realizados 23 mandados de busca e apreensão na sede da Prefeitura, na rua Olegário Maciel, na casa de prestadores de serviço de transporte e de pessoas ligadas diretamente à Administração da cidade e na sede da Secretaria Municipal de Ação Social.

Cinco pessoas suspeitas foram presas, entre elas a ex-secretária de Governo Lucimary Ávila, o superintendente de Fazenda da Prefeitura de Araxá, Leovander Gomes de Ávila, um assessor e dois sócios da empresa investigada. A operação é uma ação conjunta da Polícia Civil com o Ministério Público de Minas Gerais, que teve inicio em 2016. Em 2016 teve início uma investigação que resultou em dez inquéritos policiais, os últimos três instaurados neste ano. Nos inquéritos foram encontrados crimes de lavagem de dinheiro, crimes de corrupção, falsidade ideológica, organização criminosa, entre outros crimes.

O delegado responsável pela investigação, Renato Alcino, afirmou que "os envolvidos operavam para realizar o desvio de recursos públicos superfaturando o valor de viagens realizadas pela empresa para a Prefeitura de Araxá e a Secretaria Municipal de Ação Social". Segundo o delegado, a investigação foi intensificada desde o mês de maio deste ano.

Depoimentos:

Os cinco presos e investigados na suspeita de desvios de recursos públicos da Prefeitura de Araxá na operação “Malebolge” foram ouvidos na tarde dessa quinta-feira na Delegacia Regional de Polícia Civil. 

Por orientação dos advogados, os suspeitos foram aconselhados a exercer o direito de permanecer em silêncio durante o depoimento. Procurado pelo Portal Imbiara, um dos advogados dos suspeitos, Daniel Rosa, disse que a defesa e seus clientes não vão se pronunciar nesse momento porque não tiveram acesso ao conteúdo da investigação.

De acordo com o delegado, eles exerceram o direito de permanecer em silêncio. "Iniciamos o interrogatório, os suspeitos estavam acompanhados dos seus advogados, na presença também do Ministério Público e alegaram que não tiveram o acesso a investigação, que corre em segredo de Justiça. Entretanto, eles sabiam dessa condição e necessitariam de uma determinação da Justiça. Ontem mesmo eles conseguiram e hoje poderiam ter acessado ao conteúdo", afirmou Alcino Vieira.

Prorrogação das prisões:

A Polícia Civil de Araxá pediu à Justiça nessa quinta-feira, após os interrogatórios, a prorrogação da prisão temporária, por mais cinco dias, dos investigados que foram presos na operação "Malebolge".

A Polícia avalia a possibilidade de marcação de outro interrogatório, o que provavelmente não deve ocorrer. Os envolvidos tiveram a oportunidade de se manifestar e optaram por permanecer em silêncio, o que é um direito constitucional. 

A Polícia Civil ressalta que a continuidade da prisão dos investigados é tida como imprescindível para o seguimento dos trabalhos policiais. Nos próximos dias, outras 17 pessoas serão ouvidas, a maioria servidores municipais. Se estivessem em liberdade, os presos acusados poderiam influir no depoimento dessas pessoas.