bem brasil
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Postado em: 09/03/2023 - 10:11 Última atualização: 13/03/2023 - 08:58
Por: Caio César/Natália Fernandes - Portal Imbiara

“Nós ‘comia’ arroz com salame”, diz Gleidson Ramos, sobre o trabalho análogo à escravidão em Tapira

Gleidson relata as condições precárias que as oito pessoas passaram por 35 dias em carvoeira

Gleidson é um dos trabalhadores resgatados. Foto: Natália Fernandes/Portal Imbiara

O Ministério do Trabalho e a Polícia Federal estão em Araxá devido a uma denúncia anônima feita por telefone no último dia 1º de março que haveria oito pessoas submetidas em trabalho análogo à escravidão realizado na área rural de Tapira, no Alto Paranaíba. Esse grupo que tinha uma mulher viviam em condições extremamente precárias. Essas informações foram repassadas pelo Ministério do Trabalho para o Grupo Imbiara de Comunicação que ouviu um desses trabalhadores libertados de carvoeira. Gleidson Ramos chegou a dizer à reportagem que o grupo comia somente arroz com salame.

Todos que prestavam o serviço moravam em um alojamento sem água potável, banheiro ou habitação adequada. As diligências indicam que foram violados os direitos trabalhistas e humanos. De acordo com Gleidson, a proposta para este grupo é de condições favoráveis como uma boa casa, diferente do apresentado.

“Chegamos lá, era uma casa toda suja, não tinha comida e trabalhamos o dia todo e não almoçamos. Comprava a gente com cachaça. A gente apanhava também. Não recebi nenhum pagamento. Não é à toa que assistente social da cidade de Tapira trouxe a gente para Araxá”.

Gleidson destaca também que o patrão de cavoeira tem muitos processos e nunca pagou ninguém. “Nós apanhamos lá (em Tapira) do encarregado dele. A gente chegou aqui a deus dará. Estamos no albergue e andamos até com os fiscais de Uberaba ajudando eles a olhar as fazendas. Tem que ter justiça. Viemos lá de Pirapora (no Norte de Minas) para ganhar um bom dinheiro e buscar uma condição melhor. Estar caminhando para quatro meses que não vemos os nossos filhos. A alimentação era zero. Nós ‘comia’ arroz com salame. Não tinha nem feijão. Nós éramos acordados com bomba às 5h da manhã. Ficamos nesse trabalho por 35 dias”, conta um dos trabalhadores resgatados.

A reportagem do Grupo Imbiara de Comunicação segue acompanhando os desdobramentos das diligências realizadas pelo Ministério do Trabalho com o apoio da Polícia Federal de Uberaba.