bem brasil
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Postado em: 26/10/2022 - 07:59 Última atualização: 26/10/2022 - 17:56
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NO MATO SEM CACHORRO

Faltando pouco mais, pouco menos de 100 horas para o segundo turno das eleições, um grande número de eleitores está ainda perdido na indefinição quanto à escolha entre os dois candidatos.

É desalentador pensar que a eleição atual ficou resumida à preferência, não pelo melhor nome, mas pelo "menos pior dos dois", como é conversa geral em alguns setores.

O Brasil - com duzentos anos de independência política; com mais de 200 milhões de habitantes; com instituições firmes respeitadoras da Democracia; com Constituição e poderes nela estabelecidos; com relatos históricos sem grandes convulsões sociais e guerras civis - o país não merecia chegar a esse ponto, quando a vasta faixa de eleitores preocupados com o destino da nação precisa escolher para presidente da República o "menos pior " entre dois nomes.

Nunca houve uma decisão eleitoral mais difícil do que essa de 2022. Permita o leitor o meu testemunho pessoal: com 81 anos, meu primeiro voto foi em 1960. De lá para cá, sem faltar a nenhuma eleição e sem votar em branco. Hoje fico estarrecida com a maneira como são divulgadas as campanhas eleitorais de agora. Sem projetos de governo, sem propostas para a economia, sem definição da pauta de relações internacionais, as falas dos candidatos se resumem a ataques pessoais nos debates que deveriam servir ao propósito de divulgar idéias e planos de governo.

A campanha eleitoral ficou reduzida à discussão de problemas religiosos e à caça desesperada aos votos de grupos religiosos. Nesse sentido, acompanhando as notícias das idas e vindas dos candidatos, está parecendo que a partir do próximo ano os brasileiros em geral estarão correndo o risco de serem condenados a viver o cotidiano com suas famílias de acordo com os costumes e preceitos de grupos religiosos determinados. Nesse caso vai se desconsiderar que a Constituição Federal estabelece ser a liberdade religiosa um direito para todos, sem imposição de regras e costumes que possam interferir na vida particular de cada um e principalmente sem a interferência do governo, obrigado por lei a ser laico em suas ações.

É imprevisível saber o que vai acontecer depois de segunda-feira no que se refere às esferas políticas dominantes do país. Os brasileiros em geral continuarão a exercer, cada um dentro do possível e da normalidade, o trabalho, o estudo, os projetos para suas vidas, a construção de um bom futuro profissional e a plena satisfação pessoal. Mas, qual será a direção imposta ao país pelos vencedores de domingo?

 

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